Estou vivendo esse momento mas me encanta o dia que virá com um novo nascer do sol. Ou a noite que lança seus raios prateados sobre a minha vida! Alguns dos textos aqui encontrados são de autores desconhecidos e peço que caso você seja um deles, entre em contato comigo e postarei seus créditos. No mais, minhas palavras são um carinho celebrando a vida e a memória!
domingo, 10 de junho de 2012
29 de fevereiro 16 Comentários »
Nós éramos os Monkees
Antes dos Beatles, vieram os Monkees. Pelo menos para mim. Os Monkees estavam na televisão, junto com Batman, Daniel Boone e os Flinstones. Eram engraçados, cabeludos e doidões.
Viviam juntos numa casa descolada, cercados de gatinhas, e se metiam em encrencas surreais. E cantavam! E tocavam! Isso era rock, isso e a Jovem Guarda. Eram os anos 60. Eu não sabia ler.
Depois aprendi e os Monkees continuaram na TV - uau, agora coloridaços! Naquela época, os mesmos seriados repetiam os mesmos episódios anos a fio. Fui pegando melhores as piadas.
Fui reparando mais nos decotes das moçoilas. Ignorava que entre 66 e 68 o grupo tinha sido a maior febre nos EUA desde a Beatlemania. Um belo dia, na sessão da tarde, o filme dos Monkees!
Assisti ansioso e querendo gostar. Não entendi nada. É uma zoeira psicodélica sem pé nem cabeça, apesar do nome, Head - que em gíria da época significa chapadão, mas eu não sabia disso.
Depois aprendi, bem depois, e depois revi e gostei e recomendo; assista hoje.
Com dez anos ganhei minhas primeiras fitinhas dos Beatles, Revolver e Oldies But Goodies, e os Monkees continuaram na TV, e a esta altura eu já tinha assistido ao Submarino Amarelo no cinema, e eu via uns cabeludos nos programas de sábado à tarde, e meus primos tinham discos com capas bem estranhas, e eu prestava atenção.
Mas era o começo da puberdade, e a moda era discoteca, e era um tal de bailinho e festinha e clube, que os roqueiros foram pra escanteio. Comecei a andar de skate (mal) e ir na saída do colégio das meninas (e não puxava papo com nenhuma).
Hoje morreu Davy Jones, cantor e galãzinho dos Monkees.(...)Tinha vinte anos quando foi recrutado para o grupo, mais pela pinta, estilo e sotaque britânico que por outros talentos.(...)
A banda foi muito execrada como o exemplo do que não é rock, e só recentemente encontrou alguns defensores na crítica.
Porque foi um grupo fabricado para um seriado de televisão, que embalava a rebeldia rock de Beatles e companhia para pré-adolescentes histéricas, e só deu dinheiro para os caras que inventaram o grupo, e pouquíssimo para os quatro.
Bem, a geração mais velha teve Elvis e os Beatles no cinema. A seguinte à minha, os videoclipes, e a atual a internet. A minha cresceu com a TV, tudo embalado para consumo fácil, sem arestas, sem polêmica, mas muitas vezes com humor e sex-appeal. Em espírito, somos mais os Monkees que os Beatles, os Sex Pistols ou a nova banda que estreou semana passada.
Primeiro amor fica. Ler a notícia me levou de volta a 1980, na bica dos quinze anos. Eu já andava namorandinho, e de volta ao rock, graças ao Pink Floyd e The Wall. Dei sorte: neste ano fui pra Europa com meus pais, minha primeira vez fora do Brasil.
New wave e pós-punk bombando e eu de queixo caído, Europa velha e louca, eu em trip 100% família, mas adolescendo e me achando - fumava, dava umas escapadas pra fuçar lojas de gibis doidões e discos idem etc.
Em Londres, discos de Police, Pretenders, X-Ray Spex me tentando, e de repente o velho vinil lá esquecido numa parede: The Monkees Greatest Hits. Bateu. Desembolsei minhas últimas libras, e no quarto do hotel anotei à caneta na capa os nomes dos quatro, que eu lembrava de cor.
Minha mãe viu e perguntou, os Monkees, você adorava quando era bem pequeno - eles ainda existem?
Para sempre, mãe.
André Forastieri em 29 de Fevereiro de 2012
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Lembro que nós (eu e minhas irmãs), compramos esse LP The Monkees Greatest Hits na véspera da morte de nosso pai, em 05.10.1977. Estávamos tão felizes com a compra, pois gostávamos tanto... Só depois pudemos escutar e curtir nosso tesouro.
ResponderExcluirAh! Ilma, lembro como se fosse hoje... toda vez que olhava o discão dava um remorso... escuto as músicas até hoje!
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